A titular da Pasta da Saúde, Nísia Trindade, concedeu uma entrevista à analista da *CNN* Basília Rodrigues, onde ressaltou que “fogo, para mim, nunca é amigo”. Alvo do Centrão, Nísia enfatizou a necessidade de repensar os papéis do Executivo e Legislativo no país, destacando o machismo enfrentado por liderar um dos ministérios mais importantes na Esplanada dos Ministérios. Ela ainda afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nunca a instruiu a adotar postura “agressiva”.
“A questão ‘Nísia versus Centrão’ me incomoda. Vejo isso como uma visão superficial. Desde 2017, o Brasil passou por mudanças significativas nos papéis do Legislativo e Executivo. Esta é a reflexão necessária que o Brasil precisa fazer. E fogo, para mim, jamais é aliado”, declarou Nísia.
Para a ministra, o Executivo deve ser capaz de implementar suas políticas públicas. Ela ressaltou a importância das emendas parlamentares e mencionou estar dialogando com líderes da base governista e do Congresso Nacional. No entanto, Nísia ponderou que ser mulher e liderar um ministério crucial do governo a torna alvo de ataques.
“É evidente a questão de gênero no meu caso, embora até agora eu não tenha falado sobre isso. Não tenho dúvidas disso. Isso não está relacionado a partidos políticos A ou B. Vemos manifestações de machismo em todos os ambientes. E no caso do Ministério da Saúde, com o orçamento conhecido, com a importância e alcance, isso é ainda mais evidente”, ressaltou Nísia.
Durante a conversa, a ministra também esclareceu que o presidente Lula nunca lhe pediu para adotar uma postura enérgica.
“Certamente, precisamos repensar esses modelos de autoridade. O machismo é evidente e está presente na imprensa. Infelizmente, estão discutindo se eu chorei ou não [na reunião ministerial de segunda-feira (18)]. Aproveito para dizer que o presidente Lula nunca me pediu para ser agressiva. Seria grosseiro da parte dele, algo que ele nunca fez”, expressou.
Nísia enfatizou a honra de contar com a confiança do presidente Lula, destacando que, apesar das críticas, continuará sua atuação, respaldada por diversos apoios da sociedade.
“Embora seja criticada e questionada, não vou desistir, porque sei o que quero fazer e tenho muitos apoios. O presidente Lula é um apoio fundamental, mas vejo esse respaldo em vários setores da sociedade”, concluiu a ministra.
O desafio atual: combate à dengue, segundo Nísia
Ao ser questionada sobre o maior desafio enfrentado pela Saúde no momento, Nísia destacou que o combate à dengue é uma prioridade. “Os números [1,9 milhão de casos e 1.025 mortes no país] representam um desafio complexo, especialmente com as mudanças climáticas, ondas de calor e chuvas intensas, que favorecem a proliferação do *Aedes aegypti* e criam uma grande dificuldade.”
Após superar o período de epidemia de dengue, Nísia ressaltou a importância de avançar em medidas mais estruturantes em ciência e tecnologia, incluindo vacinas e novos métodos de controle do vetor, além de políticas públicas sólidas.
A ministra informou que estados e municípios em estado de emergência têm recebido apoio financeiro do Ministério da Saúde para o combate à doença, e também abordou as particularidades do monitoramento do vírus no Brasil.
“Embora possamos tratar adequadamente a dengue, que é um problema grave, com apoio das entidades médicas e diretrizes para o atendimento correto, é fundamental avançar na gestão e monitoramento eficaz da doença. Não é possível comparar o monitoramento de uma pandemia de Covid-19 com a dengue. São situações completamente diferentes e um erro comum que tem sido cometido”, finalizou a ministra.
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