Após a declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que a mpox representa novamente uma emergência de saúde pública de interesse global, o Ministério da Saúde está em negociações para adquirir a vacina que combate esse vírus. A pasta pretende adquirir 25 mil doses junto à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Desde 2023, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso provisório da vacina conhecida como Jynneos ou Imvanex, produzida pela empresa farmacêutica Bavarian Nordic, mais de 47 mil doses foram recebidas e mais de 29 mil foram administradas.
De acordo com Clarissa Damaso, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Vírus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), houve uma baixa adesão à campanha de vacinação contra a mpox em 2023. Ela faz parte dos 16 membros do comitê da OMS que avaliaram a emergência do surto de mpox.
“Talvez devido ao início tardio da vacinação em 2023 em relação ao pico do surto em agosto e setembro de 2022, muitas pessoas podem ter pensado que a mpox já não representava uma ameaça”, especula. Ela destaca que, na época, houve um atraso na implementação da vacina como estratégia de combate devido à limitação de produção dos fabricantes e alta demanda global.
No Brasil, a situação da mpox é classificada como nível 1, o menos alarmante. Não há registros da nova variante letal do vírus mpox que está se espalhando na República Democrática do Congo.
Nesse contexto, a vacina Jynneos deve ser administrada em duas doses, com um intervalo de quatro semanas entre elas, somente nos seguintes casos:
- Pré-exposição: indivíduos entre 18 e 49 anos com HIV/Aids e profissionais que lidam diretamente com o vírus em laboratórios. Se houver disponibilidade na rede, a vacinação pode ser recomendada também para pessoas em situação de profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP), com um intervalo de 30 dias entre qualquer outra vacina administrada anteriormente.
- Pós-exposição: pessoas acima de 18 anos que tiveram contato direto ou indireto com fluidos e secreções de uma pessoa infectada pelo vírus mpox, o que pode ocorrer por contato com a pele ou mucosa, relações sexuais, inalação de gotículas em ambientes fechados de convívio comum, ou compartilhamento de objetos, especialmente os perfurocortantes. Nestes casos, a vacinação deve ser realizada em até quatro dias após a exposição. Em situações excepcionais, a imunização pode ser feita até 14 dias após, mas com redução da eficácia.
Centro de Operações de Emergência
Além da aquisição de vacinas, o Ministério da Saúde reativou o COE, responsável por coordenar as ações de prevenção e controle da mpox em nível federal. O centro foi ativado em julho de 2022, após a declaração de emergência pela OMS naquele ano. As operações foram encerradas após o fim da situação emergencial em 2023, e agora estão sendo retomadas.
Segundo o ministério, após o surto de mpox em 2022, há 27 laboratórios de referência nacional realizando o diagnóstico da doença. “Atualmente, o país está abastecido com insumos para os testes”, afirmou em comunicado.