Especialista aponta correção na estratégia de vacinação contra a dengue


A decisão do Ministério da Saúde em disponibilizar a vacina contra a dengue para crianças e adolescentes de 6 a 16 anos, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), recebeu elogios de especialistas consultados pela CNN. Em conjunto com estados e municípios, a pasta ainda está em processo de definir a faixa etária prioritária, considerando a disponibilidade limitada de doses.

De acordo com o presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri, a estratégia de vacinação está correta, uma vez que a maioria dos estudos realizados incluiu essa faixa etária, proporcionando maior segurança e eficácia.

Kfouri também destacou que em regiões com alta transmissão, mais da metade das crianças já foram expostas ao vírus até os 10 anos de idade. Portanto, a vacinação se mostra mais eficaz na prevenção de uma segunda infecção, que geralmente é mais grave, e também na ampliação da cobertura vacinal.


O primeiro lote da vacina chegou ao Brasil no último sábado (20), com aproximadamente 720 mil doses reservadas para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, grupo que apresenta maior número de hospitalizações pela doença depois dos idosos, que ainda aguardam a liberação da vacina pela Anvisa.

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A escolha dessa faixa etária gerou questionamentos por não incluir os idosos, geralmente parte do grupo prioritário. No entanto, de acordo com especialistas, como a vacina é licenciada apenas para pessoas até os 60 anos, não faz sentido uma campanha direcionada à terceira idade.

O Ministério da Saúde incluiu a vacina, conhecida como Qdenga, no Sistema Único de Saúde em dezembro de 2023. A previsão é de entrega de 5,2 milhões de doses entre fevereiro e novembro de 2024, com mais 1,2 milhão de doses doadas. O esquema vacinal é composto por duas doses, com cerca de 3,2 milhões de pessoas a serem imunizadas.

Considerando a capacidade limitada do laboratório fabricante, o Programa Nacional de Imunizações se reuniu com a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização para discutir estratégias de utilização das doses disponíveis. O próximo passo é definir a logística, público-alvo e regiões para aplicação das vacinas, com distribuição escalonada ao longo do ano.

A chegada da vacina ocorre em um momento preocupante, com aumento de casos de dengue no Brasil. Em apenas duas semanas do ano, foram registrados 55.859 casos e seis mortes em decorrência da doença. O foco atual é intensificar medidas de prevenção, com destaque para a eliminação de criadouros do mosquito Aedes Aegypti, presente em 75% dos domicílios e arredores.

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